terça-feira, 22 de maio de 2007

Ser ou não ser?

"...O teu futuro é duvidoso, eu vejo grana, eu vejo dor, um paraíso perigoso que a palma da tua mão mostrou..." já dizia o poeta Cazuza. Será mesmo tão racional a sociedade moderna? Creio que não! De fato, somos a maioria escravos da ciência. Nada, claro que impeça abrir mão de uma "oraçãozinha" no momento da cirurgia. Ou quem sabe uma promessinha para o time ser campeão.
Duas visões opostas de mundo. Razão ou emoção? Isto nos transporta há alguns séculos. Os gregos encontrando explicações para a realidade através dos mitos. O universo teocêntrico das sociedades medievais. E o que dizer do mundo mágico dos rituais indígenas e africanos? O Renascimento desencanta parte dessas crendices. É o homem com uma visão mais racional das coisas ao seu redor. A literatura oscila. Esse fato me traz até uma lembrança dos tempos do colegial. Achava os poetas indecisos demais! No Romantismo, a espiritualidade era presente. Mais tarde vinha o tal do Realismo com pura racionalidade e derrubava a escola anterior. Depois, surge o Simbolismo e retoma o misticismo, e assim vai. Êta confusão!
A verdade é que o contexto histórico nos faz entender todo o sincretismo existente em nossas ações. Estas, nada mais são do que heranças do passado. É o judeu, o espírita ou até pais de santo na caminhada do Círio de Nazaré, o maior evento católico. É a medicina em parceria com as plantas medicinais da Amazônia na cura de doenças. E acredite se quiser agora. É até o psicólogo amigo da ciência espiritual na compreensão de certas icógnitas que a razão ainda não desvendou.
Uma coisa é certa: o poder da mente humana! O desejo nos move. A busca nos faz evoluir. A evolução gera a felicidade. E por que matéria e espírito não caminharem juntos para a melhoria do mundo? Não sei, não sei...prefiro continuar fixo no que me é exato. Ah! Graças a Deus penso assim...

segunda-feira, 14 de maio de 2007

E ao amanhã agente não diz...


Estréia: A vida como ela é

A vida é uma arte. Nos encanta, surpreende, revolta, angustia...um verdadeiro espetáculo dos mais variados sentimentos. "Conhece-te a ti mesmo", já dizia Sócrates. O bom convívio com o próximo requer antes de tudo, conhecer e estudar o seu interior. O difícil é o homem moderno ter tempo de pensar nisso. O mundo se tornou veloz, e essa rapidez se reflete principalmente nas relações interpessoais. A falta de diálogo talvez seja o melhor exemplo.
Renato Russo disse:"...esse é o nosso mundo, o que é demais nunca é o bastante..." Até onde vai o egocentrismo humano? Que somos feitos de comédia e tragédia é inegável. A sabedoria está em conseguir dominar esses sentimentos dentro de nós mesmos. Algo ínfimo? Bom, situações seculares como o etnocentrismo e racismo com certeza já teriam sido extintas com essa prática.
A platéia está lotada e ansiosa. Quinze minutos de atraso. O ator principal atrasou-se, por horas antes, ter ido ao cemitério. No mesmo dia, sua estréia nos palcos e a ausência de um ano do filho caçula. O encenante transmite emoções ao público. Desperta admiração e até inveja aos colegas. Chega em casa, beija docilmente a esposa e separa os papéis para a reunião do dia seguinte. Ao deitar-se, a dor da perda aperta o peito.
Isso lembra o poeta dos hereterônimos, Fernando Pessoa. Somos uma só pessoa, mas ao mesmo tempo várias! Somos misturas. Somos o filho rebelde mas o namorado amoroso. O homem trabalhador, porém o pai desatencioso.
Uma coisa é certa: conscientes ou não, queremos sempre ser melhores que os outros. Arrumamos constantes desculpas para nossos erros e queremos mudar o outro, nunca a nós mesmos. Chegamos ao clímax do drama!
Opa! Será que podemos voltar à Sócrates? Acredito que sim. Conhecer a si mesmo é saber respeitar-se. É conhecer os próprios limites. Se compreender para poder compreender o próximo. É ter consciência de que seremos eternos aprendizes da arte de conviver...

sábado, 5 de maio de 2007

...

"Cada pessoa que passa em nossa vida, passa sozinha,
é porque cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra.
Cada pessoa que passa em nossa vida passa sozinha,
e não nos deixa só,
porque deixa um pouco de si e leva um pouquinho de nós.
Essa é a mais bela responsabilidade da vida e a prova
de que as pessoas não se encontram por acaso."

Charles Chaplin

Mundo de sonhos?

Que país é este? Se perguntava Renato Russo. Pergunto-me também todos os dias. Aquela imagem cruel invadiu a minha mente. Era uma cena e notícia comuns nos telejornais diários. Não era novidade. Só era mais real! Estavam ali, diante de mim, crianças com enchadas e facões nas mãos, trabalhando pesado num sol escaldante de meio dia.
Eu vi o meu passado passar por mim. O melhor período de minha vida! Proteção, alegria, brincadeiras, sonhos, pureza...sabor doce da infância! Nem todos concordarão comigo, é verdade. Para uns a recordação tem um gosto amargo.Lembrei-me das literaturas infantis. Ah! E a saudade invadiu meu peito...Monteiro Lobato, como o adorava! Será que algum daqueles pequeninos saberia ao menos da existência desse grande escritor? É, provavelmente não. Mamãe fazia questão de me levar a estréia dos filmes da Disney no cinema, de fazer o bolo preferido no meu aniversário e de participar de todos os eventos na escola. Escola...é capaz que nenhum deles saiba escrever seu nome.Cresci ouvindo meus pais estimularem meus sonhos. E olha que as vezes, eles eram absurdos! Será que aqueles pobrezinhos se permitem sonhar? Ou até, tem tempo para isso?
Não há algo que toque mais do que um sorriso de uma criança. Ops! Existe sim! O brilho do olhar. Aqueles olhinhos pidões, inocentes e cheios de amor. Essa é a maior marca dos "baixinhos". Mas talvez isso seja mesmo privilégio de alguns. Não, não e não! Não exagerei. Recordei apenas os olhares tristes, carentes e cansados daquelas crianças.
Olhei e toquei em minha barriga. Lágrimas escorregavam em meu rosto. Dentro de alguns meses, estaria eu colocando um novo ser nesse mundo. Um ser que não pediu para nascer. Alguém que não tem culpa dos problemas econômicos, sociais e culturais do país. Mas, que poderia ser uma das crianças daquela imagem que será difícil ser apagada da minha mente...